Dedicado tradicionalmente à investigação científica e marcado pelo rigor e pelo compromisso com a experimentação, o conceito de laboratório evoluiu para um espaço dinâmico e interdisciplinar que promove a criatividade e a colaboração. O termo "laboratório" foi adotado na arte e no design como uma metáfora que representa o caráter inovador e experimental dos processos criativos, possibilitados pelo acesso a novas ferramentas e recursos para investigação. O advento das novas mídias nas artes rompeu todas as fronteiras convencionais anteriores, desafiando todas as novas tentativas de categorizar as disciplinas artísticas e científicas. Essa expansão das práticas artísticas em campos não artísticos tem borrado as distinções tradicionais, promovendo diálogos interdisciplinares inovadores e formas de articulação mais complexas.
Esta palestra examinará a definição em evolução de um laboratório, explorando quem participa nesses espaços e o que qualifica um "lab" atualmente. Com base no conceito de "espaços heterotópicos" de Michel Foucault, de seu ensaio “Des Espaces Autres” — espaços capazes de justapor vários espaços no mesmo local real, que por si mesmos são muitas vezes incompatíveis — consideraremos como os laboratórios contemporâneos podem se tornar tais espaços, promovendo novas estruturas e agendas para a criação coletiva, fomentando novas estruturas de colaboração e investigação.
Fabricio Lamoncha é um artista, designer e pesquisador espanhol, residente na Áustria. Atualmente, ele é Senior Artist e pesquisador de pós-doutorado no departamento de Interface Cultures, na Universidade de Arte e Design de Linz. Ele é membro do Art|Sci Center na UCLA (Los Angeles) e cofundador e organizador do Leonardo Laser Talks Linz. As práticas de Fabricio exploram as interseções entre ecologia da mídia e bioética, sendo exibidas internacionalmente e recebendo o Prêmio Internacional de Arte e Vida Artificial Vida14.