Deep Waters é uma performance meditativa que envolve o público no som, luz e subconsciente, convidando os participantes a entrar num espaço de escuta profunda: uma prática de audição e concentração atentas e intencionais. Utilizando a água como meio e metáfora, a obra explora o equilíbrio entre as paisagens sonoras naturais e a crescente intrusão do ruído produzido pelo homem.
Em Deep Waters, o som e a luz tornam-se uma ponte entre o conhecido e o misterioso. A performance baseia-se em gravações com hidrofones, e sons ao vivo e sínteses em tempo real, incluindo poluição sonora subaquática. Estes sons, muitas vezes invisíveis aos ouvidos humanos, são amplificados e transformados, mostrando tanto os estados meditativos como os perturbados do nosso mundo subaquático.
A luz passa na superfície e através da água, refratando-se, espalhando-se e desafiando a natureza da nossa perceção. A interligação entre som e luz cria uma experiência sensorial que incentiva a introspecção, a conexão e uma maior consciência do momento presente, ao mesmo tempo que confronta o público com a fragilidade dos ecossistemas marinhos.
O que ouvimos quando realmente escutamos? Como é que o ato de ouvir profundamente muda a nossa relação com o mundo e com os impactos invisíveis da atividade humana? Ao focar-se nas qualidades meditativas da água, do som e da luz, a performance oferece um momento de calma, convidando-nos a ouvir de forma mais profunda: o oceano, uns aos outros e o apelo urgente por um maior cuidado com o nosso ambiente comum. Torna-se um espaço de reflexão sobre a beleza e a vulnerabilidade do mundo subaquático e a responsabilidade que temos pelo seu futuro.