Marta Castelo e Pablo Díaz são dois artistas, reunidos pela primeira vez enquanto dupla no projeto "O som que se esconde nos torrões" selecionado para as residências de Arte e Tecnologia, na Trafaria, em 2024.
Marta Castelo, além de artista plástica e investigadora da Vicarte, é professora de Estúdio de Cerâmica no Mestrado Ciência e Arte para o Vidro e a Cerâmica. Dentro dos seus projetos artísticos e de investigação tem trabalhado com materiais naturais, ora para o uso na cerâmica, ora como matérias capazes de enaltecer e refletir sobre a natureza e a paisagem que nos envolve. Dentro deste perfil, destaca o projeto Limites de Consistência.
Pablo Diaz, além de ser artesão oriundo do Chile, fez a sua tese de mestrado em Arte Sonora na Universidade de Barcelona sobre a organologia da argila crua e, atualmente, trabalha numa investigação sobre a argila sobrecozida e a escultura sonora na VICARTE. No ano passado, desenvolveu um projeto sobre argila crua (SEGREDA) em colaboração com a Associação de Barro, no Museu de Arte Contemporânea do Chile, e está em constante busca de oportunidades para interagir com este material, que considera infinito e infinitamente versátil.
Enquanto dupla, Marta Castelo e Pablo desenvolvem uma pesquisa multidisciplinar que cruza matéria geológica e o som, promovendo o contacto com a comunidade e gerando vínculos com os residentes da Trafaria, através de uma interação recíproca entre artistas, artes e espectadores.
O som suscita uma reação imediata a quem o escuta e, usando a tecnologia do som associada aos torrões de terra, pretendem focar-se nos aspetos subtis destas matérias, recuperando e valorizando os sentidos e as perceções que escapam a todos diariamente. Há aqui a possibilidade de potencializar o valor estético das coisas simples, como um torrão, através dispositivos e tecnologias de caráter doméstico, atuais e de acesso corrente (open source). Este projeto posiciona-se como um convite à comunidade a explorar e desfrutar do seu território com o que tem ao alcance da mão.