Manual de resistência para 2050 apresenta-se como uma conferência-performance que transforma o colapso em gesto político e poético. Entre corpo, palavra e escuridão, Borralho & Galante exploram a falha como espaço de escuta, reinvenção coletiva e resistência. Manual de resistência para 2050 nasceu no âmbito do projeto Ideias para o Futuro, organizado entre o Festival Cumplicidades/Eira e a Fundação Champalimaud, a partir de um convite a artistas e cientistas para partilharem com o público visões projetadas para os próximos 10, 20 ou 30 anos. Um horizonte tão distante que qualquer fidelidade ao real exige ser compensada por imaginação e ficção.
Após a mesma, daremos lugar ao debate/mesa redonda com os artistas, no âmbito do projecto Self-Uncensored, em colaboração com o Grupo de Performance e Cognição do ICNOVA (FCSH/NOVA), com Ricardo Lafuente como convidado e com moderação de Carla Fernandes, Cláudia Madeira e Raquel Madeira, centrando-nos nos propósitos de Self-Uncensored — aqui afinados em torno de uma das dimensões levantadas pela palestra-performance – que propomos ser Resistências à vigilância tecnológica na arte.
(45min + 60min)
Ana Borralho (n. 1972, Lagos) e João Galante (n. 1968, Luanda) são artistas portugueses com um percurso singular e transdisciplinar que cruza artes visuais, performance, teatro, dança e som. Trabalham em parceria desde 2001, criando obras que se distinguem pela experimentação formal, implicação ética e política, e pela estreita relação com o público. A sua prática artística coloca o corpo como lugar de interrogação e como ferramenta crítica sobre os sistemas sociais, culturais e económicos.
Ambos têm formação em artes visuais e performativas: Ana estudou Escultura no Ar.Co e João Pintura e dança no Fórum Dança, tendo trabalhado com diversos coreógrafos e encenadores da cena contemporânea portuguesa. Integraram o grupo OLHO (1992-2002), dirigido por João Garcia Miguel, como atores e cocriadores.
Juntos, criaram projetos como Mistermissmissmister (2002), sexyMF (2007), World of Interiors (2010), Atlas (2011), Gatilho da Felicidade (2012) e Manual de Instruções (2016), apresentados em importantes festivais e instituições em países como França, Alemanha, Brasil, Japão, Escócia, Suíça, Áustria, Finlândia, Eslováquia, Eslovénia, entre outros. A sua obra articula frequentemente práticas colaborativas e participativas, questionando estruturas de poder, identidade e comunidade.
Fundaram e dirigem a estrutura artística casaBranca, com sede em Lagos, e são os diretores artísticos do Festival Verão Azul, projeto transdisciplinar de criação e difusão contemporânea no sul de Portugal. Em 2024 lançaram a Escola Verão Azul, um programa de formação em artes performativas. Além da criação artística, dedicam-se à curadoria, pedagogia e articulação com o território, afirmando uma prática comprometida com a descentralização, diversidade e ecologia cultural.